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Egressas do PPGDR da Unisc compartilham as experiências de trabalho com mulheres do meio rural

O mês de março possui uma simbologia que passa pela história do mundo. O Dia da Mulher, celebrado neste sábado, 8, é um marco da luta iniciada no final do século XIX e começo do século XX, sendo reconhecida a data pela Organização das Nações Unidas (ONU) somente em 1975.

A história mais conhecida para a sua origem é a da morte das mais de 100 operárias, em um incêndio em uma fábrica de Nova Iorque, em março de 1911. Porém, pouco se sabe sobre os diversos movimentos e manifestos a favor dos direitos para as mulheres, que aconteceram no mundo todo muito antes disso. A sugestão de criação de um dia das mulheres partiu da professora e jornalista alemã, Clara Zetkin, em 1910, não apenas para comemorar, mas para refletir sobre os avanços obtidos.

Atualmente, os manifestos continuam na busca por mais oportunidades. No Brasil, a cada quatro anos ocorre a Marcha das Margaridas, realizada pelas mulheres do meio rural, em memória de Margarida Alves, trabalhadora rural, assassinada em 1983, após uma vida marcada como sindicalista e defensora dos direitos humanos.

Em 2023, Salete dos Passos Faber foi uma das organizadoras da Marcha das Margaridas. Ela é formada em Serviço Social pela Unisc, mestra e doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional (PPGDR). Moradora da localidade de Linha Santa Cruz, Salete, que também é agricultora familiar e filha de sindicalista, foi a primeira mulher a ocupar o cargo de diretora junto ao Sindicato dos Trabalhadores Agricultores Familiares de Santa Cruz do Sul.

Na Marcha das Margaridas, levou uma delegação de 53 mulheres e uma pauta voltada à agroecologia, saúde, violência contra as mulheres e o protagonismo. “O trabalho dessas mulheres, na grande maioria, são invisíveis. São invisíveis por quê? Porque elas trabalham nas suas propriedades. A profissão da agricultora só foi reconhecida a partir da Constituição de 1988. Antes, elas eram consideradas mulheres do lar.”

Um dos pontos importantes, que foram discutidos na Marcha, foi a importância das representações femininas nos espaços de poder, como legislativos, executivos, Assembleia Legislativa e Câmara Federal. “Se nós não tivermos mulheres nesses espaços, talvez vamos avançar muito lentamente. Então, é necessário que a nossa demanda identificada vire a pauta, chegue lá e que ela seja transformada em ação”, comenta.

Outra questão preocupante apontada, é a violência doméstica contra as mulheres rurais. Segundo Salette, elas estão inúmeras vezes muito mais propensas do que as urbanas. “Isso ocorre por causa do distanciamento das casas, das famílias viverem isoladas, onde perdura fortemente o processo do patriarcado, que ainda, de certa forma, é normalizado e a violência acontece ali, no núcleo familiar”.

“A mulher rural como uma líder”

Mariéli Helfer Gehring vem de uma família de agricultores, em Rincão Del Rey, interior de Rio Pardo. Formada em Ciências Contábeis pela Unisc, possui pós-graduação em Gestão Rural. É docente do Departamento de Gestão de Negócios e Comunicação, no Curso de Ciências Contábeis, e atua também como técnica administrativa no Setor de Orçamento. Na semana passada, finalizou o Mestrado em Desenvolvimento Regional.

Inspirada nos pais e principalmente na mãe, Mariéli quis compreender como acontecia o processo de gestão econômica e financeira nas propriedades rurais, “fazer o mestrado abriu as portas para que eu pudesse realizar minha pesquisa, em Desenvolvimento Regional, pensando na gestão econômica e financeira das propriedades rurais e a participação da mulher nesse processo, como elas atuam dentro das propriedades rurais, promovendo o desenvolvimento. Identificou-se o quanto essas mulheres têm autonomia, se percebendo como líderes na propriedade rural”.

Durante o mestrado, conta que realizou um trabalho junto às mulheres que integram a Comissão de Mulheres do Sindicato dos Trabalhadores Agricultores Familiares. A ideia era entender como a gestão acontecia e como era o processo de participação feminina, citando a diversidade de espaços de trabalho do meio rural, desde a parte de produção até a gestão econômica e financeira da propriedade, realizando uma administração de excelência. Em contrapartida, a sobrecarga pelo acúmulo das funções, tanto do trabalho, como da parte doméstica.

Mariéli finaliza ressaltando que a coordenadora do PPGDR, Cidonea Deponti, durante a sua banca, apresentou o trabalho de Mariéli como um exemplo prático do Desenvolvimento Regional. E a presença dos pais durante a banca acompanhando a filha em um momento importante, no recebimento da titulação de Mestra, foi muito significativo. 

Ambas egressas dos cursos de graduação da Unisc destacaram que o desenvolvimento das mulheres acontece em grupo, e não se limita somente às mulheres. Para elas, todos os movimentos nesse sentido visam promover melhores condições para crianças e jovens. É nesses espaços que Salette e Mariéli percebem mais fortemente o impacto das ações femininas sendo refletidas. 

 

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Mariéli e Salete

 *Texto: Estagiária Gabriela Janaína da Silva
sob supervisão das jornalistas Tatiane Luci Rodrigues e Bruna Lovato

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