A iniciativa visa desenvolver novas tecnologias para a produção de bioinsumos para o controle biológico e fertilização orgânica
O projeto “Agro nos Vales: Insumos agrícolas sustentáveis” da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) foi encaminhado ao Edital Inova Agro 05/2023 da Secretaria de Inovação, Ciências e Tecnologia do Governo do Rio Grande do Sul (SICT). A aprovação obteve a maior nota de todas as propostas do Estado. O valor total do projeto é de R$ 514 mil. No último dia 16, foi realizado um encontro das entidades participantes do projeto para dar início às atividades, previstas para os próximos 24 meses de projeto.
A proposta é coordenada pelo professor Andreas Köhler, envolvendo uma equipe formada pela Unisc, Japan Tobacco Internacional (JTI) e a Sul-MIP Indústria e Comércio de Agentes Biológicos. O projeto visa desenvolver novas tecnologias para a produção de novos bioinsumos para o controle biológico e fertilização orgânica, objetivando a implantação de melhorias nas cadeias produtivas da região dos Vales. O projeto também tem por objetivo o uso eficiente de bioinsumos e a redução da emissão de CO2 , proporcionando uma agricultura sustentável e economicamente viável.
Conforme Andreas, a proposta atende a demanda do agronegócio regional por intermédio do desenvolvimento de processos para produção de novos bioinsumos sustentáveis para o controle biológico, utilizando vespas parasitoides e fertilização orgânica, produzidas na Biofábrica da Unisc. Isso aumenta a produtividade, melhorando a qualidade dos produtos e contribuindo para a solução de gargalos nas cadeias agrícolas de produção mais sustentável de tabaco da região dos Vales. Todas as atividades científicas são realizadas na Unisc e nas sedes das empresas participantes, mantendo a interação direta entre universidade e empresas.
Importância do projeto
Segundo o professor, a população mundial tem aumentado exponencialmente e, como resposta, a produção animal e vegetal torna-se cada vez mais intensiva e insustentável. A produção de produtos de origem animal e vegetal tem crescido agressivamente nos últimos anos, fomentando o aumento dos preços destas fontes nutricionais, acrescendo também o impacto ambiental da sua produção, sendo por utilização de agrotóxicos ou ração produzida de forma tradicional. Os produtores agrícolas enfrentam dificuldades na nutrição dos seus solos, utilizando essencialmente fertilizantes químicos e minerais, os quais contribuem para a poluição da água e deterioração da qualidade do solo.
“A procura por fertilizantes com maior sustentabilidade tem aumentado, sendo o uso dos fertilizantes orgânicos uma possível solução, contribuindo para maior retenção de água no solo e diminuindo a lixiviação dos nutrientes minerais. Além disso, na agricultura a ocorrência de pragas agrícolas vem afetando de forma mais intensa a produtividade, sendo pela falta na produção de controladores biológicos, que consequentemente faz com que a utilização de agrotóxicos ainda seja uma das únicas possibilidades para o seu controle, impactando secundariamente os ecossistemas e a saúde do trabalhador.”
Assim, o desenvolvimento de processos de Controle Biológico e Bioconversão de resíduos vegetais é uma das respostas para estes desafios. Trata-se de processos de biotecnologia que utilizam insetos como motor da transformação dos nutrientes perdidos em fontes nutricionais, como a produção de biofertilizantes, bem como controladores biológicos para uma agricultura mais sustentável.
Tendo em vista que a Região dos Vales é caracterizada por cadeias agroindustriais de produção primária e de processamento alimentício, o controle biológico e a bioconversão são ferramentas fundamentais para seu desenvolvimento e aperfeiçoamento, fortalecendo as cadeias já existentes, como as agroindústrias de grãos e folhas secas, criando novas opções para a instalação de novos empreendimentos. Assim, este projeto visa a elaboração de processos industriais junto à biofábrica da Unisc, a fim de oferecer futuramente agentes biológicos em escala industrial para liberação massal, concomitante ao desenvolvimento de processos de bioconversão dos resíduos agroindustriais para produção de biofertilizantes.
Projeto
A produção de biofertilizante utilizando frass de H. illucens é diretamente ligada a produção das vespas parasitoides de Anisopteromalus caladrae e Trichograma pretiosum, já que um dos resíduos utilizados para a produção do biofertilizante é o resíduo da produção de Lasioderma serricorne (bicho-do- fumo) e Ephestia kuehniella (traça-do-tabaco), ambos hospedeiros das vespas parasitoides.
A disponibilidade de parasitoides de boa qualidade aos produtores e empresas é imprescindível, já que a falta desse requisito constitui o grande entrave à popularização e utilização no Rio Grande do Sul. Por isso, a proposta objetiva desenvolver melhorias de produção destes controladores biológicos, disponibilizando-os em escala industrial com qualidade adequada para o clima do Rio Grande do Sul. Outrossim, busca a sustentabilidade e viabilidade econômica de um novo modelo de agronegócio, o qual participe do paradigma verde e dos conceitos da Análise do Ciclo de Vida (Berço ao Berço) no que tange a reutilização de matérias primas e obtenção de produtos de valor agregado, o presente projeto visa a produção de Biofertilizantes através da bioconversão de resíduos agroindustriais promovida por larvas de BSF (Hermetia illucens).
Por tanto, o presente projeto busca o desenvolvimento de novas tecnologias para a produção de bioinsumos entomológicos para o controle biológico e fertilização, objetivando a elaboração e avaliação das melhorias nas cadeias produtivas da região dos Vales através da Análise do Ciclo de Vida, visando o uso eficiente de insumos e a redução da emissão de CO2.