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Jornalista foi coordenador do Jornal Riovale nos anos 90

Há mais de um século, o dia 7 de abril é a data de comemoração do Dia do Jornalista no Brasil. Instituída em 1931, por decisão da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), como homenagem ao médico e jornalista italiano Giovanni Battista Libero Badaró, um defensor da liberdade de imprensa, morto em 1830. Contudo, a celebração não é restrita a quem está no tradicional exercício da profissão. Os docentes e pesquisadores da área também são lembrados.

Em 2024, o Curso de Jornalismo da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) completou 30 anos, com 456 egressos, entre os quais estão professores e pesquisadores. Mas uma das figuras mais conhecidas entre todos os estudantes há muitos anos, não tinha pretensão de dar aulas. O professor Hélio Etges, é o que está há mais tempo no quadro de docentes dos Cursos de Comunicação Social da Unisc, tendo mais de vinte anos de atuação, principalmente, na disciplina de Ética.

“Eu inicialmente estava inclinado a fazer Engenharia Agronômica. Estava na época no seminário, e era muito trabalhada a área de oratória. Comecei a me interessar muito nisso, na leitura de jornais e de revistas. Numa certa altura, quando eu tinha 16 anos de idade, me perguntei ‘como esses caras aqui conseguem trazer essas informações, trazer essas notícias?’ Começou a bater a curiosidade, nunca me passou mais pela cabeça fazer outra formação. Na época, fazia um Curso de Filosofia, mas nunca deixei de pensar em fazer Jornalismo.”

Morando no interior de Santa Cruz do Sul, Hélio enfrentou o desafio de mudar para Porto Alegre, uma vez que não havia curso de Jornalismo na região, indo estudar na Pontifícia Universidade Católica (PUC) pela Faculdade de Comunicação Social (FAMECOS). Colou grau em 5 de janeiro de 1986. De início, planejava retornar para o interior, porém foi convencido por uma colega, a aceitar um emprego na maior empresa de assessoria de imprensa do país na época: a Intermédio Serviço de Comunicação Social. Nela, trabalhavam grandes nomes do jornalismo gaúcho, como Ana Amélia Lemos, Polibio Braga, e Isnar Ruas.

“Na Intermédio minha tarefa era, junto com outros quatro colegas jornalistas, fazer a leitura de revistas, de jornais, fazer, principalmente, clipagem de materiais, para mais ou menos 70 grandes clientes. E isso tinha que ser feito assim, todos os dias, independente do dia da semana, se era feriado, Natal ou Ano Novo, não importava.”

Nos anos 90, começou a trabalhar como assessor de imprensa na Secretaria de Saúde do Estado, onde permaneceu até 1991, quando passou em primeiro lugar no vestibular para o Curso de História das Faculdades Integradas de Santa Cruz do Sul (FISC), retornando para o município. No período, ingressou no Jornal Riovale como repórter, tornando-se, dois anos depois, editor. Antes mesmo de ingressar na primeira turma do Mestrado em Comunicação pela PUC, foi convidado a participar de um grupo para a criação do Curso de Comunicação, iniciado em 1994. 

“Foi uma experiência interessante. E, ao mesmo tempo, enquanto eu dava aula aqui, coordenava a redação do Riovale e fazia o mestrado. Em agosto de 98, eu fui convidado para dar a disciplina de ética, porque a professora que era a responsável pela disciplina estava de saída da Universidade.”

No ano de 2001, o já professor Hélio, passou no concurso público para docente da Unisc. Anteriormente, considerava deixar o jornal para se dedicar às aulas. “No Riovale eu conseguia atingir uma determinada população, mas que era a mesma população costumeira. Enquanto que no Curso, eu conseguiria formar pessoas que depois iriam para vários lugares do mundo. Então, a cabeça foi para esse lado, de pensar nessa lógica. Agora tem gente em Brasília, tem gente no exterior, tem gente no Rio de Janeiro, São Paulo, e em várias áreas de atuação.”

Entre ministrar aulas, auxiliar no jornal laboratório do curso, o extinto Unicom, e cumprir com as demandas que vinham do cargo de subchefe de departamento, e, posteriormente de subcoordenador e coordenador dos cursos de Comunicação Social, Hélio seguia estudando para aperfeiçoar, principalmente, as aulas de ética, desenvolvendo metodologias que unissem teoria e prática, trabalhando com os estudos de caso e com o seminário, realizado na última aula do semestre, e que segundo ele, foram marcantes. “Esse seminário era a pedra final para entenderem que a ética é importante. E eu sempre quis fazer isso para que, de fato, o aluno lembrasse não do professor Hélio, mas daquilo que ele tinha que levar para o mundo profissional.”

Para os futuros jornalistas, Etges aconselha. “Não pode parar de estudar. Não só a área tecnológica, as tecnologias, mas principalmente os componentes teóricos que podem embasar o trabalho do jornalista. O aluno tem que saber em qual linguagem ele está lidando em cada momento. Porque hoje, o jornalista, ele é multimídia e tem que ter um olhar crítico sobre as coisas: a palavra-chave é olhar crítico. Jornalismo e jornalistas fazem toda a diferença na construção da realidade social. Para usar uma palavra da moda: somos influenciadores, e o jornalista na ativa nos dias de hoje e aqueles que estão em formação devem lembrar disso a cada momento.”

helio

De egressa à coordenadora do Curso

A egressa e, atualmente, coordenadora dos Cursos de Comunicação Social, Patricia Regina Schuster, afirma não ter tido dúvidas quanto à escolha da profissão, ressaltando que, ao longo dos anos no Curso de Jornalismo, pôde perceber a qualidade da formação proporcionada pela Unisc. “Tem colegas que estão seguindo carreira acadêmica na Universidade de Barcelona, colegas que estão no G1 cobrindo os acontecimentos no Palácio do Planalto em uma editoria importante, editoria de política; tem colegas trabalhando aqui nos veículos da região e fazendo um trabalho de excelência. Eu, hoje, na condição de coordenadora dos cursos, fico muito orgulhosa.”

Patricia também fala sobre a preocupação em manter a grade curricular atualizada de acordo com as demandas do mercado jornalístico, levando em consideração, principalmente, as questões tecnológicas, sem deixar de lado aspectos importantes para o profissional, no que diz respeito à produção de notícias. “Hoje, nós necessariamente precisamos falar sobre como se constrói a notícia, mas também como se destrói a notícia, que é o processo de desinformação que está em curso e que os nossos estudantes precisam estar muito atentos e ter um olhar muito crítico sobre isso.”

Sobre o curso de Jornalismo na Unisc

Criado em 28 de outubro de 1993, o  curso de Jornalismo tem duração de quatro anos, sendo ofertado no período noturno. As aulas práticas acontecem nos laboratórios de rádio, estúdio de tv, estúdio de fotografia e na redação da Unisc TV, todos localizados no bloco 14, além do uso dos laboratórios de informática, no bloco 17. Atualmente conta com quatro eventos, que se estendem para os demais cursos de Comunicação, Semana Técnica, na qual os estudantes possuem oficinas ministradas normalmente por egressos; Semana Acadêmica, Festival Santa Cruz de Cinema e o Concurso Universitário da Comunicação (Cusco), que premia os trabalhos realizados ao longo dos dois semestres anteriores.  

*Texto: Estagiária Gabriela Janaína da Silva
sob supervisão das jornalistas Tatiane Luci Rodrigues e Bruna Lovato

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